quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Jerónimo de Sousa sem papas na lingua



Deixo aqui um excerto do discurso de Jerónimo de Sousa na sua intervenção sobre o Orçamento Geral do Estado ao questionar o Primeiro Ministro sobre os assuntos que de facto interessam aos portugueses.


"Senhor Presidente,
Senhor Primeiro-ministro
Senhores e Senhoras Deputadas,
Espantoso. Numa das maiores encenações dum espectáculo virtual previamente preparado. Aqui estamos entre galerias cheias, luzes estonteantes e petardos de pólvora seca e ver um dullo pívio e que bem pode ter como epílogo, algures nos passos perdidos a repetição da cena do Primeiro Ministro satisfeito com um ex-primeiro Ministro e um off a dizer a famosa frase.Porreiro Pá!!!
Diluídas e silenciados serão as malfeitorias dum Orçamento que expressa a persistência dum caminho de injustiças e desigualdades sociais, de abandono do necessário crescimento económico e do emprego!O senhor primeiro-ministro apresentou-se aqui, com o que pensa ser a sua coroa de glória – a redução do défice. Não disse foi à custa de quê e de quem o consegui. Qual foi o preço que o país pagou e se se justificava pagar tal preço. Esqueceu-se de referir que foi à custa do emprego, dos salários da administração pública e dos demais trabalhadores, do corte nos direitos dos portugueses e das funções sociais do Estado, nomeadamente na saúde e na educação. Esqueceu-se de referir que foi à custa do aumento dos impostos indirectos, como o IVA, que penaliza o consumo das camadas populares. E não disse que os poderosos, as grandes fortunas, o capital financeiro e os grandes grupos económicos, não só não pagaram nenhum preço, como engordaram os seus lucros e privilégios.Com tanto auto elogio, como explica que tenhamos o doloroso título de país europeu com mais injustiça social?Esqueceu-se de dizer que foi à custa de incontáveis sacrifícios das camadas populares do povo, os únicos que pagaram a factura da estratégia errada do seu governo e das suas opções políticas, que em vez de aproveitar os prazos mais alargados do Pacto de Estabilidade para relançar a economia com mais vigor e fazer recuar o desemprego fez o contrário penalizando ainda mais os portugueses. Em relação aos impostos é a injustiça fiscal que prossegue. É um novo agravamento dos impostos para os reformados. As reformas passam a ser tributadas a partir de 6000 euros ano. Sempre a puxar para baixo quem já pouco tem!Entretanto os benefícios fiscais para offshore da Madeira aumentam de 1000 milhões em 2007 para 1780 milhões em 2008. Mais 780 milhões. Dão-se de “mão beijada” milhões de euros ao grande capital e vai-se penalizar quem conta os cêntimos nas suas reformas e pensões, enquanto os salários da administração pública continuam também a marcar passo e o custo de vida a aumentar em resultado do sistemático aumento dos bens alimentares, como é o caso do pão que este ano já subiu 20%, da energia, como é caso da electricidade com aumentos superiores aos da inflação e de outros bens e serviços essenciais. Tudo sobe acima da inflação prevista, menos os salários as pensões e reformas.No âmbito deste Orçamento vamos propor que a taxa normal do IVA seja no imediato reduzido para 20% e em 2009 para 19%. Medida que se justifica por razões de dinamização económica do mercado interno, também por razões sociais, já que são os produtos de consumo popular e classes populares as mais afectadas com os aumentos do imposto. Dramatiza-se o défice para cortar nos salários e nos direitos das pessoas, mas nem um tostão corta, antes se acrescenta, nos benefícios fiscais que permitiria reduzir o tão empolado défice. "

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