Estou solidário com o povo das Honduras que sofre neste momento um duro golpe na sua democracia. Esta história não é nova e lembra-me o ditador Pinochet. Nessa altura o Chile viveu momentos dramáticos de falta de liberdade, de tortura, de repressão e de morte, durando anos um povo foi mantido pela força do chicote. Também agora nas Honduras, foi deposto, através de um golpe militar, o legitimo presidente Manuel Zelaya. Invadiram a Casa Presidencial e sequestraram-no. Os embaixadores de Cuba, da Venezuela e da Nicarágua, que na altura estavam reunidos com Patrícia Rodas, ministra de Relações Exteriores, foram sequestrado à margem da convenção internacional que protege e dá imunidade aos diplomatas. Patrícia Rodas foi presa, assim como oito ministros do governo, no entanto não deixou de fazer um apelo ao seu povo para que resista por todas as formas à opressão imposta pela lei das armas. Os militares ocupam as ruas e avenidas das Honduras. Ocuparam os meios de comunicação social e cortaram a distribuição de electricidade. Estão a ser presos os deputados parlamentares que não aceitaram o golpe de estado. Nas ruas o povo exige o retorno do presidente e a reposição de legalidade democrática. Nas ruas o povo sofre a repressão policial, prisões, espancamentos, torturas são práticas constantes nestes dois dias de ilegalidades.
Este golpe acontece para fazer frente à vontade do governo de convocar uma consulta popular para a eleição de uma Assembleia Constituinte, com vista ao aprofundamento da democracia, e dar ao povo a possibilidade de eleger os seus representantes nessa Assembleia. O presidente Manuel Zelaya queria que as Honduras fossem realmente um estado mais democrático, outros não acharam bem. E quais são os outros ???
Tal como referi lembra-me o também eleito (democraticamente) Salvador Allende e da sua morte, provocada pelo ditador imposto pelos EUA e a CIA ao povo chileno.
Quem estará por detrás deste golpe nas Honduras ???
Numa altura em que por toda a América latina surgiam ventos de mudança, acontece uma destas.
Vergonha é o que se pode chamar à comunicação social Internacional, nela incluo a Portuguesa, pela forma como tem acompanhado este problema. Estranhamente e dado o destaque na altura à libertação por parte das FARC, de uma sequestrada, a mesma cobertura noticiosa (só metade já chegava) não é feita em relação à deposição de um regime democraticamente eleito. Também os comentadores de serviço, inclusivamente muitos moram aqui da globosfera, mantêm um silencio nojento e desprestigiante para eles próprios, pois é como digo sempre, para estes senhores os direitos humanos só devem de ser respeitados onde existem interesses, nem todos somos iguais perante esta corja.