Depois de ontem o PS, PSD e CDS terem rejeitado a proposta do PCP com o intuito de tributar a distribuição dos lucros que as grandes empresas vão efectuar ainda este mês para não terem de pagar em Janeiro os respectivos impostos, contornando assim a lei (visto o ano fiscal terminar a 31 de Dezembro 2010 e os respectivos lucros de 2010 só deverem ser destribuidos em 2011), o governo e mais concretamente a bancada do partido socialista, prepara-se hoje para rejeitar uma outra proposta do PCP, já discutida e aprovada em sede de concertação social, para o aumento do salário mínimo nacional de 475 para 500 Euros, um aumento de 86 cêntimos por dia.
Se duvidas existissem, elas ficam desde já sanadas, este PS está a fazer pagar a crise aos trabalhadores, isentado os grandes grupos económicos do pagamento de milhões e milhões de euros em impostos, que por certo contribuiriam para a melhoria das condições sociais de quem mais necessita.
Numa altura em que as instituições sociais estão com a corda na garganta, pois já não conseguem atender a tantos pedidos de ajuda, numa altura em que, e segundo dados da OCDE, mais de meio milhão de trabalhadores não consegue sustentar-se com o ordenado que recebe, o governo vêm dar mais uma machada nos que menos têm e mais precisam.
Mais uma vez se fez a vontade do capital financeiro, o que prova que certos partidos estão ao serviço das grandes multinacionais capitalistas, sim porque são eles que mandam nesses partidos, são esses grupos económicos que os financiam e como tal querem tirar proveito do dinheiro investido. Vai mal esta democracia, quando os governantes não governam para o povo em geral, mas para um sector muito em especial, meia dúzia de capitalistas, que com crise ou sem ela, vão engordando as suas contas bancárias à custa da exploração dos que menos têm.
Ontem e hoje, na Assembleia da República, passaram-se coisas que envergonham qualquer português. Ontem como hoje, o povo foi lapidado da mais elementar dignidade que um ser humano pode ter, o direito a ter uma vida melhor.