Pureza e o fim do Capitalismo

Tenho por hábito todas as manhãs ligar a rádio. Nas manhãs da Antena 1, José Miguel Júdice, Bagão Félix, Maria de Belém,Octávio Teixeira e José Manuel Pureza, integram o Conselho Superior, rubrica que quase sempre escuto. Concordando ou discordando com alguns dos "conselheiros", hoje sexta-feira foi a vez de José Miguel Pureza. Com a cimeira Europa / Ásia a decorrer na China, o tema foi o fim do capitalismo, mais propriamente o fim deste capitalismo especulativo na China e a queda exactamente do modelo "comunista " neste país. Este Sr., conhecido defensor dos direitos humanos, em muitos países do mundo como a China, Tibete, Cuba, Venezuela, etc e tal, é pena não levantar a voz com a mesma indignação ás barbaridades, perseguições e mortes causadas aos também seres humanos que por acaso até são comunistas, na Colômbia, na Republica Checa ( onde a Juventude comunista foi legalizada), na Rússia e em muitos dos países de leste, nos EUA onde ser comunista é um acto de heroísmo, etc, etc, etc. Será que por se ser comunista perde-se o direito a ser um ser humano. Nunca entendi muito bem esta dualidade de critérios, por um lado defende-se os direitos humanos num países, por outro lado fecha-se os olhos aquilo que não nos interessa.

Mas adiante, o referido "conselheiro", disse hoje na rádio que estava para breve o fim do capitalismo selvagem na China, tal como o Partido Comunista Chinês, nos moldes em que este se encontra hoje. Achei engraçado, não que concorde com nenhum regime onde a liberdade de expressão seja posta em causa e os direitos fundamentais não estejam salvaguardados (sim, que estas coisas não são exclusividade de ninguém), mas ao defender esta posição fiquei com a nítida sensação que os grandes capitalistas estavam exactamente ali, naquela parte do planeta. Depois de pensar um pouco verifiquei que talvez este senhor se tenha enganado, é que esta coisa de fazer futurologia tem muito que se lhe diga. Também ele em tempos previu a queda do PCP nos moldes em que encontrava hoje em dia e pelos visto enganou-se. Não sei bem quais são, em termos ideológicos as suas ideias e nem sei bem se estes senhores ditos de pseudo intelectuais ainda têm como referencia a Albânia. Quanto a mim não tenho nem nunca tive referencia politica por nenhum país, cada um têm a sua realidade, mas ideologicamente considero-me Marxista-Leninista, sem que para isso tenha de defender países onde se dizem estar implementadas estas ideias ideológicas e na prática vai-se a ver só estão mesmo escritas no papel.

Alguém diga a este senhor onde estão os verdadeiros capitalistas e onde está o capital, é que por vezes faz-se com cada figura. Eu compreendo que seja triste não saber o que se é, andar-se um pouco perdido no meio deste labirinto que é o mundo, mas por favor tenha só um pouquinho mais de "dignidade" e sobretudo "seriedade" e já agora aquela que o Srº disse de que a "contra revolução" começava em Macau fez-me rir muito.