segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ary sinto a tua falta


Foi há 25 anos atrás que Portugal perdeu um dos seus melhores poetas. Escreveu sobre o povo, e sobre o sangue derramado pela liberdade. "Cantou" Abril, sim porque os seus poemas eram musica para os nossos ouvidos. Lembro-me de o escutar naquelas festa do coliseu do jornal "O Diário" e recordo como ficava quando aquela voz que só ele tinha ecoava por todo o auditório, deixando arrepiado mesmo o mais "forte" dos homens. Fez sem duvida os mais lindos poemas que algum poeta pode escrever sobre o amor.

Para mim foi sem duvida um homem que marcou a minha forma de pensar e de estar na sociedade, através dos seus poemas e da sua forma de dizer poesia conseguiu sempre emocionar-me, dizendo e escrevendo as palavras como só ele o sabia fazer.
Para quando as autoridades da cultura deste país, darão o devido valor a este homem.

Ary tenho saudades tuas, sinto a falta dos teus poemas, das tuas canções da tua liberdade.

Ary sinto a tua falta.

6 comentários:

Maria disse...

Todos nós sentimos uma imensa saudade do Zé Carlos...

Mar Arável disse...

NÃO DEIXAMOS MORRER OS NOSSOS MORTOS

Stranger disse...

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.

Ary dos Santos

samuel disse...

Cheguei atrasado, mas muito a tempo para dar os parabéns pelo texto.

Abraço

Unknown disse...

Conhecí Ari pelo Soneto de Ines. Daí em diante fui em busca do que havia do grande poeta e comprei um livro repleto de sentimentos numa livraria em Lisboa, em viagem de ferias.
Viciei-me em Ari, com amor e com grande sentimento....


Cavalo à solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

Anónimo disse...

Ary dos Santos é o poeta do Povo e da Revolução! Ele está nos nossos corações.

As portas que Abril abriu... seremos nós reabrir-las de novo!